Sintomas pós-covid e incertezas do vírus

No momento em que o Brasil registra mais de 300 mil mortes por Covid-19, mais de 10 milhões de pacientes recuperados questionam-se sobre a vida após a contaminação pelo vírus. Para médica alergista Marta Evangelho Machado, a síndrome pós-Covid-19 pode ser definida como um conjunto de sinais e sintomas que ainda se manifestam após a fase inicial de contágio.

“Não podemos falar nada em termos de anos ou décadas porque não temos conhecimento da doença, ela é muito nova, acabou de completar um ano. Não podemos afirmar quanto tempo duram estes sintomas, mas existem vários deles que podem durar ainda após o início da infecção pelo coronavírus”, explica a médica.

Segundo a especialista, as sequelas mais conhecidas pela população são as pulmonares, pois o vírus pode gerar pneumonia, chegando a afetar até 75% da capacidade do pulmão. Quando este paciente tem alta e volta para casa, ainda há um grande grau de fibrose pulmonar, de inflamação, podendo levar bastante tempo para reverter. Em alguns casos, essa total reversão pode nem mesmo acontecer. Além disso, o coronavírus pode ocasionar lesões em vários outros órgãos, incluindo coração, córnea, cérebro e bulbo olfatório, com sintomas como alteração no olfato, cansaço, fadiga, alteração no fígado, tiroide e rins, por exemplo.

Para quem atua na linha de frente de combate à pandemia, o caos parece não passar. “A gente vivencia todo dia essa história de que paciente bate na emergência e não tem vaga, tem que voltar para casa com falta de ar, mal oxigenado, com hipóxia. A angústia de ver aquela pessoa sofrendo e voltando para casa porque não tem como ficar internada. É muito complicado a gente passar por isso, você sente como se fosse você”, lamenta a profissional.

Marta Machado compara a pandemia com o trauma de uma guerra. “Nos Estados Unidos, por exemplo, já morreram mais pessoas do que na guerra do Vietnã e na Segunda Guerra Mundial juntas. As perdas são muito grandes. A gente já está com 300 mil mortos, quase 3 mil perdas por dia. Isso é quase um trauma de uma guerra”.

O que a médica tem observado em sua rotina de trabalho é que, mesmo os pacientes que tiveram pneumonias significativas ao longo dos meses, a maior parte deles vem melhorando, conseguindo reverter os sintomas. Isso, às vezes, a custo de muita fisioterapia e cuidados pós-internação. Marta esclarece que muitos deles precisam voltar a aprender a deglutir porque ficaram entubados durante um longo período e acabaram perdendo completamente a força na musculatura da deglutição. Ainda, muitos ficam acamados mais de um mês, sem andar, o que os deixa muito enfraquecidos.

Atendimentos em pacientes com vários episódios de contaminação por coronavírus por conta das novas variantes estão acontecendo nos hospitais brasileiros. Cada variante, como o próprio nome fala, corresponde a uma conformação proteica diferente do vírus. Desta forma, o vírus também agirá de maneira distinta nos pacientes, podendo ocasionar outros estímulos. “Nunca se deve pensar ‘da primeira vez eu tive Covid e não foi nada. Dessa segunda vez, vou ficar bem, não vou ter nada porque eu já tive, tenho anticorpos’. Isso não é verdade, toda contaminação merece preocupação, atenção. Nós não sabemos o que pode acontecer em cada episódio”, esclarece Marta.

Como um esperançoso alerta, a médica alergista afirma que não existe nenhuma medida que seja tão eficaz quanto o distanciamento social. “Quando você sai, você expõe o outro. Quem está vacinado está protegido, mas ele pode carregar o vírus. Eu não quero jamais ser responsável por levar o vírus para a minha família e acontecer alguma coisa”, desabafa.

Em qualquer situação encontrada pelo vírus, especialmente naquelas em que já há complicações, existe a possibilidade de ele causar ainda mais dano. Então, conforme a especialista, “nós precisamos fazer todo o esforço possível, como os Estados Unidos e os países da Europa estão fazendo, por uma cobertura vacinal maciça e urgente para tentarmos reverter este quadro. Enquanto isso, é isolamento social”, completa.

Fonte: FGMED

Especialize-se na área

Conheça as Pós-graduações POSFG na área da Medicina. As especializações POSFG são reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), com excelência e qualidade no ensino EaD.

Informe-se sobre todas as condições diretamente com um consultor.

Preencha o formulário abaixo ou entre em contato pelo 0800 600 3720 ou (11) 3014-0384 (WhatsApp).

    Fale Conosco
    X
    Nós ligamos para você!

      Whatsapp