Alimentação saudável na infância evita doenças futuras
Comidas industrializadas, fast food e sedentarismo. Uma bomba prestes a explodir dentro de casa e que traz junto problemas para crianças e adolescentes causados pelo sobrepeso e obesidade. Quando a criança deixa de ser “fofinha” e precisa de maior atenção dos pais? Qual é a hora de olhar mais atentamente para o filho que está acima do peso, sem ânimo para brincar e comendo compulsivamente?
Quem tem filhos ou é responsável por uma criança sabe bem o que esse tipo de preocupação representa. Criança que sofre de obesidade, além dos problemas comuns à condição, pode sofrer de uma série de danos psicológicos, como baixa autoestima e até mesmo bullying dos colegas. “Quando os pais começam a perceber que a criança está tendo dificuldade de relacionamento, mais introspectiva, com dificuldade em realizar atividades físicas, está na hora de agir”, diz a nutricionista do Hapvida, Rafaela Casseb.
Segundo a especialista, a criança começa a dar sinais de que algo está errado e os pais devem perceber: as roupas deixam de servir ou estão sempre apertadas em função do aumento de peso, a criança fica facilmente cansada e se nega a participar de brincadeiras que exijam esforço físico.
Uma forma de saber se algo está errado com o filho é acompanhar o gráfico da curva de crescimento e de peso. Diante de qualquer alteração, um nutricionista deve ser procurado. “A mãe pode ter esse gráfico em casa e ele ajuda muito nesse controle”, sugere.
Não adianta a criança sozinha passar por um processo de reeducação alimentar. A família toda precisa agir em conjunto. “Não existe dieta personalizada para a criança que está acima do peso, pois ela vai se sentir excluída e a família deve ajudar”, aconselha.
Uma criança em idade de crescimento precisa diariamente ingerir, no mínimo, 1800 calorias. “Qualquer redução vai prejudicar o desenvolvimento ósseo e o crescimento em geral”, observa a nutricionista. O importante é iniciar hábitos saudáveis de alimentação e eliminar da dieta da criança os alimentos ricos em gorduras saturadas, como biscoito recheado. “Os hábitos alimentares são formados desde a gestação. Os pais, cada vez mais ausentes por conta do trabalho e outros afazeres, acabam negligenciando e agindo por compensação. Por isso o processo de reeducação precisa necessariamente passar pelos pais”, destaca.
A educação em casa é primordial, mas a participação da escola é fundamental. Segundo a nutricionista, 40% das crianças brasileiras entre zero e sete anos estão com sobrepeso e o índice entre os adolescentes é ainda maior. “Entre três e sete anos e de 12 a 14, o acúmulo de gordura é fisiológico, por isso é preciso muito cuidado nesse período, pois as células gordurosas continuam no organismo, elas murcham e incham de acordo com os hábitos”, explica.
Para traçar o mapa de risco da criança, é preciso levar em conta o fator genético, a ingestão de alimentos ricos em açúcares/gorduras saturadas e o sedentarismo. “Hoje, as crianças dificilmente se exercitam, brincam de bola ou andam de bicicleta. A geração dos videogames e dos tablets tende a sofrer ainda mais com a obesidade”, afirma.
Para virar esse jogo, os pais precisam estimular atividades físicas como caminhadas, patins, patinetes, bicicletas. Costumes que, aliados a uma alimentação saudável, podem render bons resultados. A Organização Mundial da Saúde considera a obesidade como uma doença que leva a outros males. Ela pode derivar para hipertensão, osteoporose e diabetes. É capaz ainda de elevar os índices de colesterol e triglicerídeos.
A educação alimentar deve começar pelos pais. Se a mãe é orientada a não salgar os alimentos e a não oferecer açúcar para o bebê e criar hábitos alimentares saudáveis no primeiro ano de vida, dificilmente a criança vai apresentar quadro de sobrepeso ou obesidade infantil.
Texto retirado do Portal G1