Médicos que estudam raciocínio clínico erram menos diagnósticos

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O diagnóstico é a primeira etapa do trabalho do médico e, para que se ofereça um tratamento de qualidade ao paciente, é fundamental que ele esteja correto. Entretanto, erros acontecem e são mais frequentes do que se imagina. Estima-se uma média de 1 erro a cada 7 diagnósticos.

Diagnosticar doenças é uma tarefa das mais difíceis. Há cerca de 13 mil doenças conhecidas na espécie humana, e todas se manifestam por meio de, aproximadamente, 200 sintomas diferentes. E um mesmo sintoma pode ser associado a dezenas ou centenas de doenças. Para completar, uma mesma doença pode se manifestar de maneiras diferentes em pessoas diferentes. Ou seja: não é fácil chegar ao diagnóstico correto sempre.

 

Entretanto, é possível, sim, que se reduza o risco de erros. E, para isso, é preciso estudar sobre processos mentais de raciocínio clínico diagnóstico. As dicas abaixo foram escritas por Leandro Arthur Diehl, Clínico Geral e autor do blog Raciocínio Clínico.

 

Para fazer diagnósticos com segurança, o médico precisa cumprir três requisitos essenciais, que são os chamados pilares do diagnóstico:

1) Coleta de dados: o médico precisa colher informações do paciente e selecionar os dados mais relevantes, sejam eles sintomas, alterações do exame físico ou anormalidades em exames laboratoriais ou de imagem;
2) Conhecimento de doenças: o médico precisa conhecer bem as doenças mais prevalentes na população que atende, inclusive sabendo reconhecer suas principais variantes;
3) Raciocínio clínico: por fim, o médico precisa desenvolver um processo mental de raciocínio que o ajude a encontrar, no seu repertório de doenças conhecidas, alguma que case com os sintomas do paciente.

Esse último, o raciocínio clínico, é o responsável pelo insight que leva o médico ao diagnóstico correto. São os processos mentais de raciocínio diagnóstico que conduzem o médico do seu ponto de partida (os dados da história clínica do paciente) ao final do processo diagnóstico (o reconhecimento de uma determinada doença). Por isso, é indiscutível a importância do raciocínio clínico para o diagnóstico. De fato, estudos mostram que a maior parte dos erros diagnósticos ocorre exatamente nesta etapa crítica: o raciocínio do médico.

Segundo Diehl, essa é uma limitação gritante da formação médica atual, que negligencia os processos mentais do raciocínio clínico diagnóstico. Todas as escolas médicas têm um currículo recheado de atividades para desenvolver no aluno as primeiras duas etapas do diagnóstico: o conhecimento das doenças (a ciência clínica) e a coleta de dados (a semiologia). No entanto, pouquíssimas escolas oferecem atividades desenhadas especificamente para discutir e desenvolver os aspectos essenciais do raciocínio clínico.

Você já ouviu falar, em algum momento da sua formação médica, de como a cabeça do médico funciona? Da teoria do processamento dual? Das causas mais comuns de erros diagnósticos ou como preveni-los? Dos vieses cognitivos? Do fechamento prematuro?

Esses são assuntos importantíssimos para ajudar a entender como os médicos pensam e fazem diagnósticos, e, consequentemente, para ajudar a reduzir o risco de erros diagnósticos. Felizmente, cada vez mais os educadores médicos estão se convencendo da importância de incluir o raciocínio clínico sistematicamente na formação médica, tanto de graduação como de pós-graduação. E para aqueles interessados em já iniciar suas pesquisas em raciocínio clínico, Diehl deixou em seu blog algumas dicas de livros: “Como os Médicos Pensam”, do Dr. Jerome Groopman e “Todo Paciente tem uma História para Contar”, da Dra. Lisa Sanders (consultora técnica do seriado “House”).

 

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