Pós-graduação médica: como estudar sem ter tempo?



Você já parou para pensar quanto tempo desperdiçamos por dia? Aqueles pequenos intervalos de tempo subutilizados, o intervalo entre pacientes quando o plantão está tranquilo ou aqueles momentos de espera até a hora da visita na enfermaria. Momentos de espera em filas (quem não fica indignado em ter que ir ao CRM, ao banco ou ao cartório?) ou quando estamos no trânsito na volta para casa.

Já parou para pensar quanto do seu tempo isso representa?

Para ter uma ideia basta olhar o tempo de uso de redes sociais no celular. Vou imaginar que isso deva dar entre 2 e 3 horas por dia, correto? Isso é quase a média de estudo diário durante o internato…

Calma, não precisa ficar desesperado!

E se esse tempo pudesse ser otimizado? Direcionado para estudar? Se quando chegasse em casa depois do plantão ou consultório já tivesse finalizado todas as metas do dia e pudesse curtir o momento em casa para descansar? Talvez dormir, ir à academia ou sair com os amigos. Pois é, qualidade de vida. Você não aconselha isso para os pacientes todos os dias? Pode parecer utópico, mas não é. É simplesmente possível e com ferramentas já validadas pela literatura.

E se eu te contar que para estudar não precisa ser assim?

Em 2013, os pesquisadores Kelley e Whatson analisaram o efeito da educação espaçada, por meio de pequenas doses de estudo versus estudo em bloco. Para medir o efeito de educação espaçada, os alunos tinham períodos de aprendizado sempre menores que 20 minutos, intercalado por, no mínimo, 10 minutos de atividades de distração (considere aqui estudar 5 minutos, atender 2 pacientes, estudar mais 5 minutos, atender mais pacientes, assim por diante).

Os alunos foram divididos em 2 grupos. O grupo controle teve aulas tradicionais semanais de biologia pelo período de quatro meses, enquanto o grupo teste teve uma única seção de Educação Espaçada de duração de 60 minutos de instrução. O resultado foi que ambos os grupos atingiram notas semelhantes nas avaliações, sem diferença significativa. Isso mostra que uma hora de estudo espaçado pode substituir vários meses de estudo tradicional com uma maior eficiência no aprendizado.

Quebrando o tempo e obtendo bom rendimento!

Uma hora de estudo de forma “quebrada” pode ser mais do que suficiente para fixar todo um conteúdo. Aqui entra o conceito de micro-learning ou “pílulas de conhecimento”. A noção básica do micro-learning é que as pessoas podem aprender melhor e de forma mais eficiente quando o conteúdo é quebrado em pequenas partes, transformando o aprendizado em uma atividade de pequenos passos. Isso é baseado na teoria de cognição humana que traça os limites do processamento de informações na memória de curto prazo. (Cowan, 2001).

Essa dimensão temporal – aprender em pequenos passos – se encaixa melhor no modelo de processamento e recebimento de informações pelo cérebro humano. E isso associado a mecanismos de dificuldade desejada e de efeito teste se torna ainda mais excepcional.

O estudo por meio de pílulas de conhecimento permite quebrar a forma tradicional de estudar. Indivíduos agora não precisam “encontrar tempo” para aprender, ou sequer se preparar para isso. Como usualmente o estudo é feito através de dispositivos portáteis de uso pessoal (como celular ou tablet), é possível estudar de forma totalmente individualizada e em qualquer lugar, sem muita preparação prévia necessária, criando-se um domínio do processo de aprendizado pelo aluno. Então, aproveite seu tempo em casa para viver um pouco, não apenas sobreviver.

Referências:

  1. Cowan N. The magical number 4 in short-term memory: A reconsideration of mental storage capacity. Behavioral and Brain Sciences. 2001;24:87–185. [PubMed]
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