Tudo o que você quer saber sobre o mercado da Ortóptica
Publicado em 09/10/2017
A Ortóptica existe no Brasil desde a década de 50, mas continua gerando muitas dúvidas. O que faz o ortoptista? Tem um bom mercado de trabalho? Vale a pena investir em um consultório? A POSFG esclarece tudo acerca do tema, confira as informações que selecionamos para você:
Ortoptista x Oftalmologista
O oftalmologista é o profissional que avalia a refração e as doenças oculares. O ortoptista é o profissional ligado à reabilitação, que faz o diagnóstico e tratamento dos distúrbios da visão. Comparando, seria como dizer que o ortoptista está para o oftalmologista assim como o fisioterapeuta está para o ortopedista.
O que faz um especialista?
A visão perfeita inclui muitos fatores além da quantificação da visão. Por exemplo: conseguir ler todas as letrinhas miúdas que nos são apresentadas pelo oftalmologista durante a consulta. Nossa visão inclui percepção de cores, contraste, campo visual, rastreio, profundidade, fusão, etc. Para enxergar bem é necessário que nossos olhos estejam perfeitamente alinhados, não haja desvios nem estrabismo. Os músculos devem fazer a força necessária de movimentos, como, por exemplo, convergência, usada na leitura.
O ortoptista é o profissional que, inicialmente, tratava todos os distúrbios da visão binocular. Com o tempo, passou a ter uma atuação mais abrangente. Hoje, além do tratamento Ortóptico e Pleótico convencional, faz exames não invasivos como, por exemplo, campo visual, ceratometria ou auto refrator. Também é responsável pela adaptação de lentes de contato, estimulação visual em bebê, tratamento da ambliopia, adaptação e treinamento de recursos ópticos e não ópticos para pacientes de baixa visão, diagnóstico de Síndrome de Irlen, e mais.
Mercado de trabalho
Atualmente existe uma falta de profissionais da visão no mercado. O trabalho do oftalmologista é limitado à clínica e tratamentos convencionais e cirurgias. Os médicos não fazem reabilitação. No Brasil, há milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual, seja por acidentes ou patologias como glaucoma, catarata, degeneração macular, hipertensão, diabetes, retinopatia da prematuridade. E essas pessoas não tem para onde ir ou a quem recorrer para reabilitá-las.
Existe ainda um sem número de pessoas que tem algum problema visual que não permite que estudem, trabalhem ou tenham uma qualidade de vida plena. Muitas nem mesmo precisam de óculos, mas quando leem têm sintomas como dor de cabeça, cansaço visual, enjoo, sonolência, ardência nos olhos. Esses são distúrbios da visão binocular que precisam ser tratados. A exigência visual do ser humano é muito grande, principalmente com o uso de celulares e computadores. Por isso, existe uma grande fatia do mercado para esses profissionais.
Quanto ganha?
A questão salarial varia de acordo com o local onde o especialista atua. Se atende pelo plano de saúde ou particular, se é concursado ou trabalha como autônomo, se atende em um ou mais locais. No entanto, pode-se afirmar que média é que um ortoptista ganhe mais do que R$ 5 mil por mês.
Regulamentação
O Conselho Brasileiro de Ortóptica (CBOrt) abarca todos os ortoptistas do Brasil. Conselhos de todos os outros países também mantêm uma relação mais estreita com o Brasil, principalmente a Associação Portuguesa de Ortoptistas (APOR). Os Ortoptistas também são muito bem recebidos em congressos Oftalmológicos, inclusive com espaço para expor trabalhos e palestrar.
Onde trabalhar x Empreendedorismo
Os ortoptistas podem prestar concurso público. Há muitos municípios que disponibilizam o cargo nos editais. Os ortoptistas também trabalham em parceria com os oftalmologistas em clínicas e consultórios. Além disso, o ortoptista faz parte da equipe multidisciplinar para atendimento ao deficiente visual em centros de reabilitação, a exemplo de um dos mais famosos, a Laramara, em São Paulo. Além de ser um ótimo nicho de mercado para quem quer empreender e começar seu consultório independente ou uma clínica.
Pós-Graduação em Ortóptica
Para os formados em Optometria é importante estudar Ortóptica para fechar os estudos sobre a visão, pois a Optometria e a Ortóptica são complementares. Assim, o profissional teria um saber integral. Para os formados em outros ramos da saúde ou educação, como a Pedagogia, Fisioterapia, Psicologia ou Fonoaudiologia, é importante para entender como o sistema visual pode influenciar no aprendizado, leitura, escrita e até a postura.
Estrabismos provocam torcicolos, problemas na binocularidade podem ser confundidos com dislexia, a falta de interesse nos estudos por não conseguir ler ou ver o quadro negro na escola gera problemas de comportamento que podem ser confundidos com hiperatividade ou ainda, crianças deficientes visuais muitas vezes tem comportamentos auto estimulatórios que podem levar ao diagnóstico de autismo. A interdisciplinaridade soma conhecimentos e ajuda a direcionar o paciente para o tratamento mais adequado.