Transtorno bipolar afeta 6 milhões de brasileiros, mais de 2% da população

Que atire a primeira pedra quem nunca acordou com o pé esquerdo, com o pavio tão curto, a ponto de explodir diante de qualquer situação que não fosse do agrado.

O contrário também acontece. Quem nunca acordou super alegre, disposto a encarar o mundo e a enfrentar qualquer problema.

Essas situações demonstram sim uma variação de humor, mas estão longe de caracterizarem um transtorno bipolar.

Quem sofre com a doença mental apresenta sintomas bem mais característicos, como euforia, fala rápida, irritação, agitação, insônia, agressividade, hostilidade e depressão, tudo isso de forma alternada, às vezes num mesmo dia.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, o transtorno bipolar afeta hoje 6 milhões de brasileiros. Esses pacientes chegam a ficar em estado de depressão em 60% a 70% da vida. É por isso que é a doença mental que mais causa mortes por suicídios. Cerca de 15% dos pacientes tiram a própria vida. Ele destaca os números de um estudo desenvolvido no Canadá que aponta que o risco de suicídio entre pacientes bipolares é até 40 vezes maior.

A doença se manifesta em fases que alternam a hiperexcitabilidade e a agitação com profunda tristeza e depressão. A duração de cada fase varia de pessoa para pessoa, podendo durar horas, dias, meses e até anos.

O que tem preocupado os especialistas é que em 60% dos casos a doença tem se manifestado antes dos 20 anos de idade.

Existem dois tipos de transtorno bipolar. O tipo 1 acomete cerca de 1% dos brasileiros e se caracteriza por episódios de depressão e de exaltação de humor mais graves e agitação psicomotora em que a pessoa faz movimentos involuntários causados pela tensão.

Em cerca de 15% dos portadores do tipo 1 do transtorno bipolar, a doença também apresenta sintomas psicóticos.

No quadro de mania, são registrados os episódios de exaltação de humor mais intensos, que se manifestam por delírios de grandeza, em que a pessoa se considera famosa, acredita ter poderes especiais ou ser mais habilidosa que os outros. Já nos episódios de depressão, os sintomas psicóticos vêm com pensamentos delirantes de inutilidade, de ruína, culpa, ou com a certeza de uma doença física grave.

Já o tipo 2 do transtorno bipolar atinge entre 5 e 6% dos brasileiros portadores da doença e se manifesta por episódios depressivos e de exaltação de humor mais brandos, sem sintomas psicóticos.

Diagnóstico ainda é um desafio

O diagnóstico é um dos grandes desafios dos profissionais que trabalham com transtorno bipolar. Não existe um exame que determine ou confirme a presença da doença. Isso é feito por critérios de exclusão.

São avaliadas questões como histórico familiar de suicídio, sintomas depressivos antes dos 25 anos, episódios atuais ou passados de depressão, episódios de alteração do humor. Também deve ser levada em conta a pessoa que não responde ao tratamento com antidepressivos.

Por serem critérios subjetivos, a busca pelo diagnóstico pode levar até 10 anos. A detecção precoce é fundamental para que se evite a progressão da doença.

Em média, a doença começa a se manifestar por volta dos 21 anos, mas os primeiros sintomas podem ocorrer até os 15 anos, que são alterações de humor e episódios de depressão.

Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, existem quatro alternativas psicofarmacológicas que podem ser combinadas entre si, de acordo com a avaliação médica. São anticonvulsivantes, antipsicóticos típicos e atípicos e a eletroconvulsoterapia.

 

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

 

 

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